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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Fundamentos sobre Vampiros


As pessoas sonham com monstros horríveis e espíritos maliciosos há séculos. O vampiro, o predador sedutor, "morto-vivo", é uma das criaturas mais inventivas e encantadoras de todas. É também uma das mais duradouras: os vampiros surgiram há milhares de anos e aparecem em muitas culturas diferentes.
Neste artigo, veremos de onde vêm os vários elementos da lenda do vampiro e examinaremos algumas explicações científicas fundamentadas para o vampirismo aparente. Veremos também o significado psicológico dessas criaturas e conheceremos algumas contrapartes do vampiro sobrenatural na vida real.
Os vampiros dos livros contemporâneos, os filmes e os programas de televisão são criaturas incrivelmente elaboradas. De acordo com a mitologia predominante, todo vampiro já foi humano que, depois de ter sido mordido por um vampiro, morreu e se levantou do túmulo como um monstro. Os vampiros adoram o sangue dos vivos, a quem eles perseguem durante a noite. Eles usam suas presas afiadas para morder os pescoços de suas vítimas.
Já que são cadáveres reanimados (restos mortais de uma pessoa falecida), os vampiros são frequentemente referidos como "os mortos-vivos". No entanto, eles ainda podem se passar por humanos saudáveis e passar despercebidos entre os vivos. De fato, os vampiros podem ser atrativos, altamente sexuais, seduzindo sua presa antes de se alimentar dela. Um vampiro pode também tomar a forma de um animal, geralmente um morcego ,um corvo ou um lobo, para dar o bote na vítima.
Os vampiros são potencialmente imortais, mas possuem algumas fraquezas. Eles podem ser destruídos por uma estaca no coração, fogo, luz do sol, injeção de verbena no seu sngue vampirico, além de temer crucifixos, água benta e alho. Os vampiros não refletem sua imagem no espelho e possuem uma força extraordinária.
A figura vampiresca, com essa combinação particular de características e regras, é uma invenção recente. Bram Stoker concebeu o "Drácula" em seu romance de 1897. Outros autores reinterpretaram o Drácula em uma série de peças, filmes e livros.
Mas enquanto os elementos específicos são novos, a maioria deles possuem raízes profundas, em muitas regiões e culturas. Nas próximas postagens, veremos alguns dos ancestrais mais notáveis do vampiro.
Imagem que o escritor Bram Stoker fez sobre os vampiros
                                          
site original : http://pessoas.hsw.uol.com.br/vampiros.htm

Sangue : símbolo da vida

A maioria dos cristãos não iria pressupor o vampirismo na história da última ceia. Cristo oferece aos discípulos o cálice contendo vinho que simboliza seu sangue. Mas existe um paralelo entre a Eucaristia e as lendas de vampiro: ambas sugerem que o sangue traz a vida.
De acordo com algumas fontes, sangue também era conhecido por sua capacidade mítica de manter a beleza. Quando o Drácula da ficção de Bram Stoker se alimentava de sangue, sua aparência mudava e ele se tornava bonito e jovem. Comenta-se que a condessa húngara Elizabeth Bathory usava sangue de suas vítimas para promover a beleza de sua pele. Algumas mulheres da época renascentista acreditavam que aplicar sangue de pombos na pele pudesse manter a beleza .
                                        
*Antropofagia (canibalismo) é um exemplo da simbólica vitalidade proveniente da ingestão de carne ou de sangue de outros humanos. Por meio do canibalismo, a vitalidade geralmente surge de duas fontes: da família e dos derrotados.
*Endocanibalismo se refere à ingestão de carne de um membro do grupo. Em algumas culturas, comer carne de parentes serve para manter a linha dos ancestrais.
*Exocanibalismo consiste na ingestão de carne de uma pessoa de fora do grupo, a exemplo de um inimigo capturado. Segundo relatos, Tepes cometeu exocanibalismo quando ingeriu sangue de turcos capturados, embora não haja evidências de que ele acreditasse obter qualquer poder decorrente do ato. Antes, ele havia comido pão embebido em sangue em uma tigela como sinal do que os turcos deveriam esperar do futuro.
Talvez o caso mais famoso de canibalismo tenha acontecido em 1972, quando um avião que levava a seleção uruguaia de futebol caiu na Cordilheira dos Andes . Diversas pessoas sobreviveram e recorreram ao canibalismo comendo a carne dos colegas mortos para sobreviver por mais de dois meses.
Parece que nossos ancestrais levaram algum tempo para criar costumes - restrições culturais - contra o canibalismo. Evidências de antropofagia recente (1100 d.C.) foram descobertas em povoados em Anasazi  no sudoeste dos Estados Unidos . Pesquisadores encontraram uma variação no gene humano em todo o mundo todo que sugere que nós descendemos dos canibais.

Assim, lendas de vampiros podem ser alegorias de verdadeiros monstros na vida real - talvez como Vlad Tepes - que se recusaram a honrar o sagrado tabu de não consumir a vitalidade de outros humanos.

site original : http://pessoas.hsw.uol.com.br/conde-dracula2.htm

Dracúla , o empalador

Pintura de Vlad (Drácula) Tepes, príncipe do século 15 que inspirou o vampiro fictício de Bram Stoker


A ficção criada por Bram Stoker quanto ao Vlad Tepes estimulou uma pesquisa que visava mostrar os motivos para os assassinatos cometidos pelo príncipe. Tepes desejava uma Romênia unificada, livre das influências externas da Alemanha , da Hungria  e dos turcos.
A consolidação de seu poder foi cruel. Na Páscoa de 1456, Tepes convidou a aristocracia da região para jantar com ele. Depois da refeição, ele matou os idosos e os mais fracos e marchou 50 milhas junto aos demais convidados a um castelo dilapidado, do qual se apossou. Ali fez a nobreza trabalhar pesado para restaurar o castelo. A maioria morreu vítima de maus tratos e de exaustão; os que sobreviveram foram empalados vivos em estacas fora do castelo onde as restaurações haviam sido concluídas.
O pai de Vlad, Vlad Dracul, governou Wallachia de 1436 a 1442, foi destituído por seus compatriotas e retomou o trono de 1443 a 1446. Vlad Tepes ocupou a mesma posição de 1456 a 1462 . Quando se iniciou na Ordem do Dragão, organização secreta dos cavaleiros cristãos, ele assumiu o nome "Drácula" que seria substituído pelo apelido "Tepes" por quem o temia e o odiava.
As ideologias sociais de Vlad Dracul eram contraditórias. Vlad queria ser lembrado como um santo e chegou a matar um monge católico que negou que ele seria canonizado . Seu comportamento jamais poderia ser comparado ao de um santo. Vendo a destituição como um castigo a seu domínio, Tepes convidou seus pobres súditos para jantar com ele. No fim do jantar, ele trancou a porta da sala e seus guardas atearam fogo no local, matando os que estavam dentro do recinto.
Seus inimigos estrangeiros sofreram punições semelhantes (senão piores) a de seus súditos. Durante quatro anos, Tepes e seu irmão mais novo foram aprisionados pelos turcos quando o pai os havia enviado ao tributo do sulto Mehmet. Para os turcos, o pai de Tepes tinha se tornado um líder fantoche da Wallachia e seus filhos foram aprisionados para garantir a contínua lealdade do pai deles . Esperava-se que Tepes agisse como seu pai, mas, em vez de manter a submissão aos turcos, ele resolveu combatê-los.
Quando se tornou príncipe em 1456, Tepes deu passos largos em direção à independência da Romênia. Ele promoveu uma guerra biológica ao enviar súditos disfarçados de turcos com doenças infecciosas para viver entre os militares nos campos. Quando eles invadiram a capital de Wallachia, Tirgoviste, os turcos que sobreviveram encontraram uma floresta (com dimensão entre 800 metros a 3 quilômetros) feita inteiramente de corpos de prisioneiros capturados e empalados em estacas. Os invasores partiram rapidamente.
A empalação, método de execução muito usado por Tepes, era uma forma extremamente dolorosa de morrer. Tepes se certificava de causar o máximo de dor quando empalava suas vítimas ao arredondar as extremidades das estacas para reduzir o corte. Estacas eram inseridas no ânus da vítima e empurradas para a outra extremidade até sair pela boca. Depois disso, as vítimas empaladas eram içadas verticalmente e deixadas em agonia - algumas vezes dias a fio.
O velho vampiro no romance de Stoker precisava de sangue para continuar vivo; Tepes derramou sangue para dar vida longa a seus objetivos. Segundo algumas estimativas, o número de vítimas chegou a 40 mil. Vale destacar que alimento e morte eram muito entrelaçados na vida de Tepes. Ele freqüentemente jantava com seus convidados antes de matá-los e ficou conhecido por fazer refeições ao ar livre no meio de pessoas mortas ou agonizantes.
Por que sangue é um símbolo de vitalidade e poder na ficção? Descubra o simbolismo do sangue na próxima postagem...

site original : http://pessoas.hsw.uol.com.br/conde-dracula1.htm